Picles

O saudoso jornal Pasquim publicava nos anos 70 uma coluna que se chamava picles. Era um espaço para pequenas notas e grandes críticas. Antes de ser uma imitação o título acima é uma provocação. Assim algum saudoso poderá aproximar-se do texto pelo sentimentalismo, pela evocação ou só pela curiosidade mesmo.
O link com o Pasquim é para falar sobre o jornalismo de hoje. E a lembrança da coluna picles é porque não pretendo ser muito extenso. Portanto, reflitamos sobre alguns temas contemporâneos a partir dos "picles" abaixo:

- Já repararam que o Alexandre Garcia enche a boca para falar da "ditadura de Hugo Chavez"? Pois bem gerações menos pesquisadoras, saibam que o ilustre jornalista foi assessor de comunicação do ditador general João Batista Figueiredo no final dos anos 70 e início dos 80. Naquela época ser colaborador de ditadura era digno, hoje não é mais. O código de Ética de algumas pessoas muda da água pro vinho. Não acham?

- Óbvio que não sou fã do Chavez (a não ser o do seriado da Televisa, o mexicano Roberto Goméz Bolaños ... isso, isso, isso!) mas é muita cara de pau achar que ninguém se lembra dessa sua "colaborada" com o regime ditatorial brasileiro que tantas vidas liquidou e tantos prejuízos causou ao Brasil.

- Aliás o Alexandre Garcia tá com alto prestígio dentro da Globo. Até o Renato Machado do Bom dia Brasil é obrigado a chamar ele para opinar sobre qualquer assunto. Desde urubu em janela de apartamento em Brasília até criminalidade do tráfico carioca, passando por medicina, futebol, fofocas em geral, tudo, tudo ele topa! Claro que os comentários são do tipo não sou contra nem a favor, a culpa é do sistema, o Governo é omisso e outros tipos de "reflexões" do mais alto senso comum.

- É preciso que as novas gerações saibam que já tivemos um Jornal de Vanguarda (que eu também não assisti ao vivo - era no Rio de Janeiro e nos anos 60!) onde a opinião não era uma repetição do pensamento do patrão.

- Pra encerrar lembro que os veículos impressos brasileiros continuam vendo seus leitores deixando de comprar jornal sem mostrar nenhuma reação consistente. Embora alguns títulos tenham crescido (os populares com pouco texto, muita foto e, geralmente, sangue e mulher pelada), os chamados jornalões das capitais continuam se segurando com promoções, brindes e colecionáveis. Quanto a qualidade dos textos, investimentos em grandes reportagens e revelações que os veículos eletrônicos não podem oferecer, bem isso se discute muito pouco. Até quando? Talvez até o fechamento das versões impressas. Será? Vejam o caso do Christian Science Monitor, que extinguiu a versão impressa e agora só circula on line. E olha que o veícula já tinha 100 anos de circulação!! Veja mais detalhes em http://knightcenter.utexas.edu.